Conhecimentos não negociáveis e as leis do universo

Explicando sobre teorias de aprendizagem Andrea Filatro e Sabrina Cairo, mencionam que “… no ensino de domínios bem definidos (matemática, ortografia, estruturas moleculares, etc) o conhecimento aprendido é menos sujeito a interpretações ou negociações”¹

Fico pensando na palavra negociação no âmbito do conhecimento, fora das teorias de aprendizagem.

Veja o mapa mental:

Conhecimento negociável e não negociável

No âmbito das ciências humanas² e lembrando da época de debates e estudos que deram origem a nossa constituição promulgada em 1988 é sabido que cada um dos artigos, cada parágrafo foi motivo de debates e foi negociado, ou seja, necessitou de um consenso para ser aprovado. Outras leis também.

Depois de publicada uma lei, ainda temos a interpretação que pode passar por toda a estrutura do judiciário.

Agora as ciências exatas³: vamor supor que uma pessoa vai transportar um monte de entulhos oriundo da reforma de uma casa na fazenda. Esta pessoa tem um local determinado onde pode depositar este material como aterro. Ela coloca o material na caçamba da caminhonete. Percebe que a carroceria da caminhonete está ficando cada vez mais perto do chão e os pneus estão deformando, mas tenta colocar todo o material, para ganhar tempo, fazer uma viagem só.

Em um determinado local do percurso tem uma subida íngreme e a caminhonete, mesmo com toda a potência do motor e marcha bem reduzida, não consegue subir. Dá para aumentar a potência do motor? Reduzir mais a velocidade? Ele já tentou tudo isto.

Ou ele tira parte do material e deixa somente o que o motor da caminhonete pode movimentar ou consegue um adicional de potência – outro veículo que amarrado à caminhonete vai ajudar na subida, por exemplo.

Não tem decreto ou lei humana que ele pode negociar, para mudar a situação.

O que estão presentes são leis da física, leis da mecânica que não podem ser contornadas – neste exemplo a potência do motor e a carga.

Todas as leis da física, biologia e química foram obtidas da observação ou experimentos de fenômenos da natureza. Estas leis são as “descobertas” do funcionamento das leis da criação4. Estas leis estão sendo observadas, estudadas, aperfeiçoadas e colocadas em prática há milênios. Se alguém montar um modelo matemático de um fenômeno natural (uma equação, por exemplo) e o resultado do cálculo não se enquadrar ou alinhar com o fenômeno estudado, refaça o modelo matemático, pois a natureza – ou leis da criação – não negocia com ninguém.

Qualquer mudança vai provocar uma reação. Se houver corte das árvores que protegem as margens de uma nascente a água diminui e pode até parar de fluir. Se um predador de uma determinada região for dizimado, as suas presas, seu alimento, vão aumentar e podem sair do controle.

A natureza mostra a lógica das coisas e a lógica reflete o funcionamento das leis da criação.

As leis da criação ou leis naturais dentro de sua lógica possuem mecanismos automáticos de funcionamento.

Se um agricultor semear milho não vai esperar colher trigo dentro de alguns meses. É simples e natural.

As leis negociáveis fazem parte do desenvolvimento do ser humano, podem sofrer aperfeiçoamentos – ou retrocessos, dependendo da situação, do país, etc. Dependem do livre arbítrio de cada um. Da tomada de decisão. Toda tomada de decisão gera responsabilidade.

As leis não negociáveis são permanentes. Não dependem da vontade humana. A humanidade, para conviver com as leis não negociáveis, precisa conhecê-las, observar e sintonizar as suas atividades com o seu funcionamento.

A ciência da natureza que ser conhecida, estudada e respeitada. A ciência da natureza, para produzir bons resultados têm sempre como foco esta imutabilidade não negociável.

                                                                                                                                   José Araújo

¹ Andrea Filatro e Sabrina Cairo – Produção de Conteúdos Educacionais. Cap. 2. Dimensão Pedagógica. Editora Saraiva. São Paulo-SP. 2015.

² https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncias_humanas

³ https://www.guiadacarreira.com.br/cursos/ciencias-exatas/

4 Para conhecer as leis da criação recomendo o livro “Na Luz da Verdade”, de Abdruschin. Editora Ordem do Graal na Terra. Disponível em edição impressa, e-book e PDF. A versão em PDF pode ser baixada gratuitamente no site www.graal.org.br

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Seguidores dos formadores de opinião

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Seguidores dos formadores de opinião

Seguidores dos formadores de opinião

Um episódio político recente mostra como existe a tentativa de manipular a informação, mesmo que todos os modelos matemáticos e cálculos mostrem o contrário.

O governo anunciou o corte de parte das verbas das universidades e institutos federais. Como anunciou o corte de verbas de outros órgãos federais também.

Mas o que chama a tenção são as notícias dando conta de que os cortes foram de 30%. Várias tentativas foram feitas no sentido de explicar que estes 30% não se referiam à verba total das universidades e institutos federais, mas sim, dos gastos não obrigatórios e que podiam ser contigenciados, postergados¹.

Depois das explicações a conclusão foi de que o corte deve ser de 3,43% das verbas totais. Exemplo: para cada R$100.000,00 das verbas totais o corte será aproximadamente de R$3.430,00.

Mas, as notícias gravadas na memória da população são do corte de 30%. Estes 30% ecoaram para todos os lados, inclusive nas redes sociais.

Agora a atuação de seguidores dos formadores de opinião.

Hoje, com considerável parte da tecnologia de informação e comunicação centrada na internet, cada um pode ter um blog, um canal de TV particular, onde fala o que quer, dá a sua opinião sobre os mais variados assuntos. E com o tempo pessoas com ideias semelhantes, mesmo que apenas latentes, escondidas lá no fundo da consciência ou apenas como passa tempo, tornam-se seguidores assíduos e este formador de opinião fica cada vez mais conhecido.

Cada ser humano possui um dom maravilhoso que o torna senhor de seu caminho, na linguagem popular “senhor de seu próprio nariz”. Este dom é o livre arbítrio², que o capacita a tomar o rumo que quiser e escolher o seu destino. Mas, aqui uma observação, não pode esquecer que as decisões tomadas pelo livre arbítrio hoje muitas vezes ficam amarradas em resoluções anteriores, em decisões de livre arbítrio, tomadas lá atrás na vida. O que dá a estranha sensação de que não existe o livre arbítrio.

Não estou escrevendo aqui para aprovar ou desaprovar as pessoas que enveredaram pelo caminho de formar opinião, de mostrar ao mundo o que pensam e fazem.

O foco aqui são os seguidores. Nos que dão aos formadores de opinião o retorno pelo trabalho, no número de visualizações, leituras, comentários e outras participações. Não importando qual veículo de comunicação estão usando.

Estar com a menta aberta a outras opiniões, faz parte do que chamamos de ser humano, mas não é muito louvável aceitar opiniões alheias sem uma análise, sem uma verificação de veracidade. Todos estamos sendo bombardeados diariamente por informações e muitas delas são falsas (“fake”) e estão plantadas principalmente via internet, devido à facilidade de acesso e disseminação.

Formadores de opinião vão sempre existir, mas é importante sair da “zona de conforto” para checar o que estão passando de informação. Não aceitar passivamente, movimentar-se, estar alerta.

As coisas lógicas são lógicas por si mesmas, basta estar com a mente e a intuição abertas para uma checagem. A mesma tecnologia que faz chegar até nós todo tipo de informação pode ser a ferramenta, também, que nos permite a checagem desta informação.

José Araújo

¹ Luiza Tenente e Patrícia Figueiredo – Entenda o corte de verba das universidades federais e saiba como são os orçamentos das 10 maiores, disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/05/15/entenda-o-corte-de-verba-das-universidades-federais-e-saiba-como-sao-os-orcamentos-das-10-maiores.ghtml Acessada em 05/07/2019.

² Para mais informações sobre o livre arbítrio indico a obra de Abdruschin “Na Luz da Verdade”, editada pelo Ordem do Graal na Terra, disponível no formato impresso, e-book e também em PDF (este último formato pode ser baixado gratuitamente do site www.graal.org.br).

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Conhecimentos não negociáveis e as leis da criação

A lógica das coisas

Você recebe de alguém uma informação ou notícia sobre determinado acontecimento. Diante do que já viveu e vivenciou, suas experiências de vida,  resoluções anteriores, você procura dar um significado à informação recebida. Nasce daí o seu ponto de vista sobre o assunto. Mas, cada um tem o seu próprio ponto de vista e então qual é a lógica das coisas?

Ter a informação, estar de posse da informação é apenas o primeiro passo. A informação em si, sem saber o que vai fazer com ela, não é utilizável de forma construtiva.

O ponto de vista de cada um vai, a cada momento, sendo construído e vai se aproximando da realidade. É como se uma pessoa diante de um mapa do Estado de São Paulo fosse escalado para anotar a localização de cada cidade.  Somente com uma boa bagagem anterior sobre geografia ele vai concluir a tarefa com êxito. Isto é assunto para especialistas.

As qualificações para um bom ponto de vista são, principalmente:

Conhecimento –  “O conhecimento é o que cada sujeito constrói – individual e coletivamente – como produto do processamento, da interpretação, da compreensão da informação. É, portanto, o significado que atribuímos à realidade e como o contextualizamos.” ¹

Habilidade – Conjunto de qualificações para o exercício de uma atividade ou cargo. Se você quer ser pedreiro e não tem este “conjunto de qualificações” vai precisar batalhar para consegui-las primeiro.

Atitude – “Circunstância de pensamento e de vontade que indica a orientação seletiva de alguém diante de um problema ou de uma situação que diga respeito a pessoas, objetos, instituições etc., podendo envolver uma dimensão cognitiva, afetiva ou comportamental.”²

Intuição – Você pode estar achando estranho a inclusão da intuição na análise de uma informação. Ela é o diferencial que vai tornar o seu ponto de vista o mais perto possível da realidade.  Escrevendo esta frase estou lembrando das aulas de limites (matemática) no segundo grau.

Lembrando que a informação é a mensagem recebida. As fontes de informação podem estar no jornal, rádio, TV, telefone, internet, livro, na forma verbal numa conversa com alguém, etc.

Voltando ao pedreiro do exemplo acima: quando atingir este grau de competência ganha junto à sociedade e principalmente diante daqueles que precisam se seus serviços a necessária credibilidade.

A credibilidade ganha somente aqueles que têm profundo conhecimento sobre determinado assunto, profissional ou não. O indivíduo pode ter a maior credibilidade para resolver problemas e implementar ações em uma situação e ser ignorante em outros assuntos.

Lógica, no sentido que escrevo aqui neste espaço, deve ser entendida como “modo pelo qual se encadeiam naturalmente as coisas ou os acontecimentos”².  A lógica das coisas é o funcionamento das leis da criação ou leis do universo, independente da concordância ou não das pessoas, se acreditam ou não. Por exemplo, a lei da gravidade: se as condições do ambiente onde ocorre não alterar, os resultados também não alteram. 

Para saber se há lógica em um determinado fenômeno ou acontecimento, é necessário o movimento do pensamento e das ações,  num exame irrestrito e sem lacunas,  de tudo que está a nossa volta, incluindo aí as informações que chegam a cada instante.

Este exame irrestrito e sem lacunas deve ser aplicado também aos textos que escrevo aqui.

Para se tornar competente nesta análise rigorosa, é necessário utilizar o que Howard Gardner chama de inteligências múltiplas existentes em cada ser humano.³

Com a ajuda acentuada da intuição.

¹Definição de conhecimento do “Referencial de Qualidade da Educação Superior a Distância”.
²Definição do dicionário Michaelis. 
³Howard Gardner – Estructuras de la mente. Teoria de las Inteligencias múltiples. 

José Araújo

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Os fenômenos naturais do universo e o modelo matemático

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Os fenômenos naturais do universo e o modelo matemático

A comprovação científica de fenômenos naturais – caminhando da filosofia à ciência, é feita através de Modelos Matemáticos². Partindo da observação ou de um problema no mundo real, a ciência formula o modelo matemático (uma equação, por exemplo), resolve, tira as conclusões e interpreta os dados obtidos. Se o fenômeno estudado não se encaixa perfeitamente no modelo matemático, não é a natureza que está errada, mas sim, o modelo matemático. É hora de refinar a interpretação matemática ou partir para um novo modelo que possa retratar melhor a realidade.

O britânico Isaac Newton, grande observador dos fenômenos naturais, conseguiu demonstrar matematicamente estes fenômenos e nos legou algumas leis muito importantes no campo dos movimentos mecânicos, sendo a lei da gravidade a mais conhecida.

A lei da gravidade, exemplificada com a queda da maçã da macieira, nasceu da observação de um fenômeno natural. Na época de Newton logicamente era sabido que as frutas já caiam das árvores, mesmo antes da formulação desta lei – veja no final da página um exemplo simples de modelo matemático.

As três Leis de Newton¹ (Inércia, Dinâmica e Ação e Reação) também, são conhecidas por estudantes do ensino médio, sem as quais não poderiam estudar, nas aulas de física, o grande campo da mecânica.

A filosofia, com o passar do tempo, foi dando lugar à ciência, na medida que as observações filosóficas foram sendo comprovadas cientificamente. O fenômeno em si mesmo continuava existindo, como antes, mas agora com a explicação da ciência que foi formando, assim, o corpo de conhecimentos científicos sobre os mais variados assuntos.

Se comprovada cientificamente é ciência. Sem comprovação científica é filosofia. Assim se orienta o caminhar da humanidade.

Voltando ao Newton: o próprio título de seu livro “Principia. Princípios Matemáticos de Filosofia Natural” (publicado pela primeira vez em 1687), já mostrava este caminhar da filosofia à ciência.

Se voltarmos 3000 anos no tempo, através de um levantamento de obras que chegaram até a época atual, podemos ver que a filosofia predominava. Não havia um conjunto de ferramentas – laboratoriais ou matemáticas, para comprovar e dar credibilidade as observações filosóficas.

Sem comprovação ou a pessoa acreditava, baseado em suas observações e intuição ou não dava crédito, aguardando que alguém solucionasse o problema.

Todo o Universo é regido por leis naturais. Com o surgimento de novas ferramentas de cálculo, mentes observadoras conseguiram criar modelos matemáticos, capazes de descrever cientificamente os fenômenos naturais materiais, visíveis e palpáveis.

Visíveis e palpáveis, mais o invisível continua existindo e só é percebido pela intuição, algo que os modelos matemáticos não conseguem comprovar.

O telescópio e o microscópio são ferramentas de comprovação da existência de dois mundos. O primeiro de mundos distantes, grandes, na escala de anos-luz e o segundo de mundos pequenos, na escala micro, como as bactérias. Há alguns séculos, por exemplo, ninguém acreditaria na possibilidade de existir milhões de bactérias passeando sobre a pele do corpo de um ser humano, umas benéficas e outras nem tanto.

O fato de ainda não ser comprovado cientificamente não quer significar que não existe, que está errado. Apenas ainda não está comprovado ou é algo que realmente não terá comprovação matemática. Continua sem um modelo matemático.

Por exemplo, qual o modelo matemático do amor? Da esperança? Do entusiasmo? Do heroísmo?

O amor, a esperança, o entusiasmo e o heroísmo devem ter suas existências negadas, até que alguém possa enquadrá-los num modelo matemático?

Abaixo um exemplo simples de modelo matemático.

¹James Stewart – Cálculo – Volume I – 5ª Edição. Pioneira Thomson Learning. São Paulo-SP. 2006

²Isaac Newton – Principia. Princípios Matemáticos de Filosofia Natural – Editora Edusp. 2ª Edição. São Paulo–SP. 2012.

José Araújo

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A bagagem e o caldeirão de experiências

No artigo anterior escrevi sobre a visão que cada um tem das coisas e que esta visão depende da bagagem de conhecimentos, experiências, vivências e capacidade de análise.

Hoje vou ampliar mais um pouco este assunto.
Duas pessoas, amigas, conseguem passar horas conversando sobre os mais diferentes assuntos, sem atritos, sem grandes divergências … menos em um assunto: política. Cada uma defende o seu candidato e o considera superior ao do outro. Tente fazer um deles mudar de ideia. Nenhum deles arreda pé de suas convicções. As urnas têm mostrado os resultados.
A maneira como cada um vê um fato depende da bagagem que carrega nas costas. Depende muito de seu passado. De sua competência e capacidade de análise.
Um fato é um fato, mas a forma de enxergá-lo é uma particularidade de cada um.
Reúna algumas pessoas, faça um suco com várias frutas e dê para cada uma experimentar. Em seguida peça a cada pessoa para comentar o que achou do suco, quais os sabores e cheiros predominantes. Os comentários serão os mais diversos. Mas… todos tomaram do mesmo suco. Os ingredientes em cada copo são os mesmos.
O suco é o mesmo, mas a análise que cada um faz para reconhecer cada fruta no suco é diferente.
Imagine que somos mais de 7 bilhões de pessoas na Terra, com experiências de vida diferentes, com muitos pontos de vista convergentes e divergentes.
As vivências de cada habitante em nosso planeta é que forma o caldeirão de experiências, onde cada um tira o que precisa ou o que acha que lhe será útil. Como num quadro de montar, cada parte precisa das outras partes para formar a imagem final.
Este caldeirão de experiências permite que cada um vá até lá e analisando a bagagem que já traz de seu passado tire aquilo que imagina ou conclui ser útil para formar no presente as bases de seu futuro. Pode acontecer que a análise das vivências que estava em sua bagagem somado ao que tirou do caldeirão não dê um resultado muito agradável, podendo ser até decepcionante, mas, enfim, foi sua escolha.
Maravilha, existe a possibilidade de voltar ao caldeirão, para pegar outras coisas que estão faltando e com a bagagem maior a possibilidade de ir refinando as suas escolhas e os seus resultados cresce também.
Sabendo o que há em sua bagagem¹ e melhorando a sua capacidade de análise a sua percepção vai ficando mais perto do fato, da coisa em si mesma.
Fazendo um paralelo com o conceito matemático de limites: o limite de seu ponto de vista é ampliado à medida que as conclusões oriundas de sua capacidade de análise se aproxima do fato.
E você o que traz em sua bagagem?

¹Como as pessoas aprendem. Cérebro, mente, experiência e escolha. Capítulo I – Aprendizagem: da especulação à ciência. John D. Bransford, Ann L. Brown e Rodney R. Cocking (organizadores). Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos. Editora Senac. S. Paulo – SP. 2007.

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Sala de aula virtual

Sala de Aula Virtual

0 aluno, em casa, liga o notebook, via internet, acessa o Ambiente Virtual de Aprendizagem e começa a ler a agenda da lição de casa do dia. Lê um texto disponibilizado no ambiente sobre o que foi ensinado na sala de aula, resolve os exercícios, manda mensagem para os colegas que vão participar de um grupo de estudos, verifica se tem mensagens do professor ou de outros alunos para ele, dá uma olhada no comentário do professor sobre o exercício da lição de casa do dia anterior, acessa uma simulação de trigonometria onde precisa digitalizar as variáveis, vê o gráfico resultante e disponibiliza o próprio gráfico, com as suas observações no local apropriado do ambiente Virtual de Aprendizagem.

Design Instrucional – Sala de aula virtual


Futuro? Não, presente! Este é um caminho que vai tomando forma. Lição de casa no mundo digital. Virtual.
No final de abril de 2012 a universidade de Harvard e o MIT- Instituto de Tecnologia de Massachusetts, instituições que estão sempre nas listas das dez melhores  do mundo, firmaram um acordo para a utilização de uma plataforma de ensino, criada pelo MIT, com o propósito de oferecerem cursos à distância, com certificado.
Uma plataforma ou um ambiente virtual de aprendizagem é o primeiro passo para quem quer oferecer ensino a distância.
É através do ambiente virtual de aprendizagem (AVA) que o professor pode disponibilizar, via internet, as lições de um curso ou as lições de casa.
O AVA oferece todas as ferramentas para o gerenciamento do curso e acompanhamento dos alunos. Acessando o ambiente o professor pode ver as atividades de cada aluno. Se ele fez as lições de casa, por onde ele navegou através das ferramentas do curso, quanto tempo ficou conectado, com quais alunos ele se comunicou. E para aqueles que simpatizam com as idéias sócio-construtivistas o professor pode ver, através de gráficos, as comunicações entre os alunos e quem está participando dos trabalhos em grupo. É claro que o ambiente permite comunicação sigilosa  entre professor-aluno, entre aluno-aluno e entre integrantes de um  mesmo grupo formado para determinada atividade.
No AVA os alunos não podem ficar escondidos, quietinhos, no fundo da sala de aula, sem participar das atividades. O “empurrar com a barriga” fica mais difícil. Para muitos alunos, tímidos numa aula presencial, pode ser uma grande oportunidade para se manifestarem.
Existem vários ambientes virtuais de aprendizagem no mercado. Alguns de uso  gratuito, de arquitetura aberta e que podem ser modificados pelos interessados a fim de implementar ferramentas específicas.
O Teleduc é uma alternativa brasileira de ambiente virtual de aprendizagem. Foi criado na Unicamp e segundo o site do software hoje ele possui mais de 4 mil instituições usuárias e está disponível em três línguas.
A versão lançada em agosto do ano passado, além de modificações no layout,  permite que o usuário veja quem também está online simultaneamente, reivindicação antiga dos usuários.
O ambiente virtual de aprendizagem não deve ser utilizado como depósito de textos, sem nenhum tratamento para a Web.  Seria como asfaltar uma rodovia para o trânsito de carro de boi. O conteúdo do curso ou da lição de casa precisa incorporar as inovações de tecnologia de informação e comunicação. O texto deve estar no formato hipertextual, explorando todos os recursos multimídia. Com um clique do mouse o aluno acessa um vídeo, uma aula anterior, a explicação detalhada sobre uma frase ou o passo a passo para resolver um exercício, mantendo o foco na lição atual, diminuindo assim a carga cognitiva.
Um dos grandes problemas na aceitação do ensino a distância é exatamente o oferecimento de materiais instrucionais, sem o adequado tratamento pedagógico, para o ambiente virtual. Deixando o aluno sozinho, sem o adequado acompanhamento tutorial. Um dos grandes trunfos deste ambiente é exatamente a possibilidade do aluno passar de um leitor passivo para um aprendiz ativo, interagindo com as ferramentas multimídias, participando de dinâmicas e fazendo uso de seus estilos de aprendizagem mais predominantes.
Para os que torcem o nariz contra o ensino a distância, o material instrucional de baixa qualidade e a falta de interação entre os participantes, seguramente são fatores que contribuem para esta imagem.
Comenta-se muito sobre o efeito que as redes sociais podem provocar, competindo com o tempo que o aluno tem para fazer uma lição de casa ou estudar fora da sala de aula. Uma lição de casa criativa, onde o aluno pode interagir com o ambiente de aprendizagem, com os próprios colegas de turma e com o professor, ajuda amenizar a grande influência das redes sociais. O aluno vai ficar diante do computador, em contato com os colegas ou navegando sozinho e isto é um fato. E, sempre haverá alguém que, com um lampejo de criatividade, vai criar uma ambiente diferente na web para reunir milhões de pessoas e ganhar muito dinheiro, é claro!
Enquanto isso o ensino continua com muita conversa do professor, o giz e o quadro negro.
Uma lição de casa é ensino a distância, já que o aluno precisa estudar sozinho, sem a assistência direta de  um educador.
Alguns especialistas da área consideram o termo ensino a distância, mais adequado para esta atividade de ensino, porque educação a distância não existe, pois a educação somente pode acontecer presencialmente e não à distância.
O trabalho de transformação do conteúdo de um curso em material instrucional virtual é feito por um designer instrucional.
A profissão é nova no Brasil e a partir de 2009 está incluída pelo Ministério do Trabalho e Emprego na Classificação Brasileira de Ocupações.
O design instrucional para cursos virtuais nasceu com o propósito de se ocupar com todas as fases para levar o ensino ao aluno online. O profissional que exerce atividades nesta área deve conhecer as teorias pedagógicas ou andragógicas, os estilos de aprendizagem e as tecnologias de informação e comunicação, para formatar o curso e obter um bom aproveitamento dos alunos. O designer instrucional deve saber analisar as necessidades do interessado, projetar e desenvolver o curso, cuidar de sua implantação e publicação e avaliar os resultados.
A lição de casa no ambiente virtual vai exigir um maior trabalho no início, mas com a possibilidade de reaproveitar todo o material instrucional de um ano para o outro, dá ao professor, já a partir do segundo ano de utilização, mais tempo para acompanhar o desenvolvimento dos alunos.
Este trabalho de tutoria, exercido pelo professor, forma com o conteúdo e o design instrucional, as pontas de um triângulo, que representam os pontos mais importantes, para manter o aluno interessado e motivado a continuar o seu caminho de aprendizado. Por isso, a importância do comentário do professor quando o aluno recebe a sua avaliação de uma lição de casa. 

Ferramentas de autoria

Ferramentas de Autoria e Livro Hipermídia
Vários professores gostariam de planejar e construir o seu próprio material instrucional para aulas no ambiente virtual.   Aulas para os seus cursos presenciais ou aulas para cursos totalmente à distância. Ou preparar uma lição de casa para seus alunos. Muitos ficam desanimados pelas dificuldades e desistem, preocupados pela demora em dominar uma ferramenta de autoria.

Uma ferramenta de autoria é um software que auxilia na montagem de uma aula que será disponibilizada no ambiente virtual, numa sala de aula virtual. Uma das características de uma ferramenta de autoria é dar suporte para o uso de recursos multimídia.

Nos textos desta “Sala Virtual” vou mostrar que softwares como os processadores de texto, por exemplo, possuem recursos para a montagem de uma aula ou lição de casa – um livro multimídia – salvar ou exportar o material instrucional em PDF e depois distribuir aos alunos pelos aplicativos de redes sociais.

Hoje os alunos estão perfeitamente alfabetizados no uso dos smartphones. Dominam os vários recursos dos aplicativos.  Mas … dá para disponibilizar, através do celular,  uma lição de casa ou um material complementar de estudos para os alunos?

Ferramenta de autoria no desenvolvimento de um curso

Não é apenas disponibilizar um texto com algumas imagens e fórmulas, num blog, e-mail ou outra mídia social. O ambiente virtual multimídia possibilita o uso de elementos hipertexto e multimídia (daí o nome hipermídia), dando oportunidade ao aprendiz de se movimentar e interagir com o material instrucional, o professor e os colegas de classe. Mesmo que seja apenas no ambiente virtual.
A este ambiente criado pelo material instrucional, damos o nome de Livro Hipermídia. Ou seja, é um livro interativo.
Hoje existem vários softwares gratuitos para montagem de um livro hipermídia. Alguns com recursos avançados exigem um maior aprofundamento para o domínio de suas ferramentas. Outros você provavelmente tem instalados em seu computador, como o LibreOffice (principalmente o editor de texto e de apresentações).
Você pode usar o sistema pago Microsoft Office (principalmente o Word e o Power Point).
Todos possuem recursos de texto, hipertexto, figuras, gráficos, vídeos e som.
O Moodle que é um ambiente virtual de aprendizagem completo, possui no menu de recursos o “Livro” e “Página Web” com ferramentas de formatação completas, onde pode ser desenvolvido e implementado material multimídia.
O WorldPress é a ferramenta de mídia social mais usada como blog na internet. Possui também em “Artigos” ferramentas de formatação para o desenvolvimento e implementação de material multimídia.
O mercado tem desenvolvido ferramentas de autoria específicas e avançadas.
Vamos destacar duas:
1- Courselab – a versão gratuita está em inglês. Tem um ferramental completo para o desenvolvimento de um livro multimídia.
Possui um manual bastante completo.
A versão gratuita não aceita a captura de telas e a importação de apresentações.
O Courselab salva os arquivos em uma extensão própria e exporta (publica o curso) nos seguintes tipos de arquivos:
No formato CD
No formato Scorm ¹  1.2 LMS²
No formato Scorm 2004 LMS
No formato AICC³ IMS³
A notícia ruim é que o Courselab, versão gratuita, não tem mais atualizações, somente a versão paga. Mesmo assim é uma poderosa ferramenta de autoria.
2- Exelearning – Você pode escolher a linguagem de instalação, inclusive o Português do Brasil.
Também possui um conjunto de ferramentas completas para a criação de um livro hipermídia.
O Exelearning possui um tutorial completo online, de grande ajuda para o principiante.
Ele salva os arquivos em uma extensão própria e exporta (publica o Livro Hipermídia) nos formatos Páginas Web, livro Epub3, Scorm e IMS.
Tem outras ferramentas de autoria no mercado. Várias. Algumas gratuitas e outras (a maioria) pagas.
Nos artigos seguintes vamos mostrar detalhes de desenvolvimento e implementação de cursos online baseados nestas ferramentas de autoria e a exportação deste material instrucional pronto para os ambientes virtuais.

Lembrando: não é um tutorial completo, apenas sugestões, ficando a cargo e responsabilidade do professor a escolha do software e a maneira de disponibilizar o curso aos alunos. Não sendo de minha responsabilidade quaisquer procedimentos e ações utilizadas pelo professor.

José Araújo – Designer Instrucional – jose@projetoinstrucional.com.br

(1)Scorm: Modelo de Referência de Objeto de Conteúdo Compartilhável (Shareable Content Object Reference Mode).

(2)LMS: Sistema de Gerenciamento de Aprendizado (Learning Management System).

(3)AICC – Comitê CBT (Treinamento Baseado em Computador) da Indústria da Aviação (The Aviation Industry CBT (Computer Based Training) Committee). IMS: Sistema de Gerenciamento Instrucional (The Instructional Management System).

O design instrucional

O ensino a distância é hoje um paradigma.
Com os recursos das tecnologias de informação e comunicação como aliados, é possível levar o conhecimento à muitos lugares.
Em horários compatíveis com as disponibilidades de funcionários ou estudantes.
Mas o material instrucional precisa estar no formato adequado, dentro de técnicas pedagógicas que ofereçam o melhor aproveitamento no ambiente virtual.
É aí que entra os conhecimentos do Designer Instrucional. Ele vai transformar o material instrucional, de forma otimizada,  para o desenvolvimento de competências e habilidades dos aprendizes, dentro dos objetivos requeridos.

Fig. 1. Design Instrucional – Material instrucional.

Quatro personagens são de grande importância no ensino a distância:
1- O professor conteudista que é responsável pelo conteúdo do curso que será oferecido no ambiente virtual.
2- O Designer Instrucional no ensino a distância. É ele quem vai transformar o material, o conteúdo do curso, fornecido pelo professor conteudista, em material instrucional para o ensino a distância. Se for o próprio professor quem vai realizar este trabalho, neste momento ele é o Designer Instrucional.
3- O tutor que pode ser o próprio professor conteudista ou uma outra pessoa com conhecimento na matéria do curso. A responsabilidade do tutor dentro do ensino a distância é muito grande, pois é ele que vai ter o contato direto com o aluno. Ele vai acompanhar os acessos do aluno ao curso, dia, hora, tempo que ficou em cada módulo. Sua interação com os colegas. É o tutor quem vai incentivar o aluno, para mantê-lo motivado a continuar o curso.
4- O aluno que é a meta final de todo o trabalho do professor, designer instrucional e tutor. No ensino a  distância o aluno precisa ser disciplinado, pois terá que deixar de lado outras atividades ou lazer para fazer o curso. Na EaD o aluno não consegue ficar escondido “no fundo da sala de aula”.

Muitos consideram que disponibilizar o conteúdo de suas aulas em um site ou via email, para download dos alunos, é o suficiente. Esta ação lembra o ensino por correspondência, entregue via correios. Este ainda existe e é o único meio de formação profissional de muitos brasileiros.
A propósito é bom lembrar que as fases do ensino a distância sempre surgiram depois de uma nova tecnologia. Ele não criou a tecnologia, mas utiliza as tecnologias que vão de cada época. As estradas de ferro nos Estados Unidos, o rádio, a televisão, o cinema e a internet. O ensino a distância sempre aproveitou estas tecnologias, em suas respectivas épocas.
Estamos na era da internet, da globalização, da informação em tempo real, da união das tecnologias de informação e comunicação, do hipertexto, da hipermídia… O ensino a distância sai do papel, da apostila impressa, do livro e vai para o mundo digital, virtual.
O professor T. Levitt, em artigo publicado na revista Harvard Business Review de jul/ago de 1960, analisa algumas atividades humanas de grande sucesso e em franca expansão em uma determinada época e que depois simplesmente deixaram de existir, porque foram engolidas por outras formas de fazer a mesma coisa, usando outras tecnologias. Como exemplo ele cita um milionário de Boston que tinha ações de empresas de bondinhos elétricos. Antes de morrer deixou determinado que os filhos não poderiam vender aquelas ações, acreditando que “sempre haverá uma grande demanda para transportes urbanos eficientes”. Com o fim dos bondes elétricos nas cidades, os seus filhos viram os rendimentos dos dividendos das ações se evaporarem.
Hoje, tanto a educação formal quanto à informal, continuada e corporativa têm no ensino a distância um grande apoio.
Nosso ambiente virtual de aprendizagem:

https://projetoinstrucional.com.br/moodle